PRISÃO
Operação prendeu suspeitos de envolvimento em milícias no Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro e em Minas Gerais
Uma ação conjunta do Ministério Público do Rio Grande do Norte
(MPRN), da Força Nacional e da Polícia Civil potiguar cumpriu oito
mandados de prisão na manhã desta terça-feira (17) em Ceará-Mirim, na
Grande Natal, e ainda no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Os alvos dos
mandados são suspeitos de integrarem uma milícia que, segundo as
investigações, é responsável por dezenas de assassinatos. As prisões são
temporárias por 30 dias e podem ser prorrogadas.
A ação é fruto
de um trabalho investigativo do MPRN e da Força Nacional que foi
iniciado depois da morte do sargento PM Jackson Sidney Botelho, em 20 de
fevereiro do ano passado, em Ceará-Mirim. Segundo apurado na
investigação, após a morte do sargento, “o que viu foi um verdadeiro e
trágico banho de sangue, resultando nas mortes brutais de 12 pessoas em
pouco mais de 48 horas, fato que ganhou grande repercussão regional,
estadual e até em âmbito nacional”.
O trabalho em conjunto
deflagrado nesta terça-feira teve o apoio da Divisão Especializada em
Investigação e Combate ao Crime Organizado (Deicor), da Polícia Civil.
Dos mandados expedidos, seis foram cumpridos em Ceará-Mirim. As outras
duas prisões aconteceram no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.
As
prisões temporárias foram pedidas por serem imprescindíveis às
investigações e para evitar que o grupo ameace testemunhas. Os oito
homens ficarão presos em unidades do sistema prisional potiguar.
Em
uma ação conjunta do MPRN e da Força Nacional realizada em 3 de
fevereiro passado, o policial militar Erinaldo Ferreira de Oliveira foi
preso por suspeita de chefiar a mesma milícia com atuação em
Ceará-Mirim. Segundo as investigações, Naldão, como é conhecido o PM,
assumiu a chefia da milícia após a morte do sargento PM Jackson Botelho.
Na
denúncia que resultou na prisão de Naldão, o MPRN detalha o relatório
das investigações e aponta que, dentre os mais de 100 inquéritos
policiais instaurados com o objetivo de apurar os crimes em Ceará-Mirim,
74 possuem a mesma dinâmica criminosa: os executores utilizam motos ou
carros, balaclavas e roupas escuras, efetuam disparos em quantidade
excessiva e em especial na região cervical da vítima, ameaçam as
testemunhas presentes e fogem sem deixar qualquer vestígio.
Ainda
segundo as investigações, as informações obtidas pelo MPRN reforçam que a
organização criminosa atua na prestação de serviços de segurança
privada e ainda na “eliminação” de pessoas ditas ou por eles
consideradas como “bandidos”, promovendo aparente sensação de paz
social, “regada pelo assassinato brutal de vários homens e mulheres”.
Além
das evidências e informações obtidas junto às testemunhas sobre a
atuação do grupo, a denúncia também engloba inquérito policial para
apurar as circunstâncias do assassinato de Aluísio Ferreira da Costa
Neto e a tentativa de homicídio contra Wgleiby Barbosa de Góis, fatos
ocorridos no dia 3 de agosto de 2017.
Aluísio Ferreira era um
conhecido integrante do grupo criminoso, sendo um dos supostos autores
da chacina ocorrida na cidade após a morte do sargento Jackson Botelho. A
motivação do crime teria sido queima de arquivo. Além de Erinaldo,
outros cinco homens foram denunciados pelo MPRN por envolvimento com a
morte de Aluísio Ferreira.
Naldão foi denunciado pelos crimes de
homicídio qualificado mediante promessa de recompensa ou por motivo
torpe, com pena 12 a 30 anos de reclusão, podendo ser aumentada em um
terço por ter sido praticada por milícia privada; e de comércio ilegal
de arma de fogo, com plena de reclusão de 4 a 8 anos e multa.
(AgoraRN)
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