BRASIL, POLÍTICA
O lobista Jorge Luz, preso desde fevereiro pela Operação Blackout, 38ª fase da Operação Lava Jato, afirmou ao juiz Sergio Moro, em depoimento nesta quarta-feira, que os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL)
e o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) receberam propinas de 11,5
milhões de reais a partir de contratos de dois navios-sonda da
Petrobras.
O dinheiro teria sido pago a pedido de Fernando Baiano, um dos operadores do PMDB, em troca de sustentação política a dois diretores da Petrobras – Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Nestor Cerveró
(Área Internacional) -, que estariam “balançando” nos cargos entre o
final de 2005 e o começo de 2006. Considerados peças fundamentais no
petrolão, os dois ex-diretores da estatal se tornaram delatores da Lava
Jato.
Conhecido como “operador dos operadores”, Jorge Luz disse ao
magistrado que conhece Renan e Jader desde os anos 1980 e, por isso,
topou aproximá-los, com a ajuda de Baiano, dos diretores da estatal.
Preso sob a acusação de ter intermediado R$ 2,5 milhões de propinas da
empreiteira Schahin a funcionários da Petrobras, Luz e seu filho, Bruno –
também preso -, não são delatores, mas aceitaram colaborar com a
Justiça nesse processo.
“Havia um pedido alto para que houvesse esse apoio [aos
diretores], o apoio se traduziria em ajuda financeira e em uma
oportunidade de que esses políticos pudessem participar de operações que
viessem a surgir no decorrer do tempo”, disse. Segundo ele, houve uma
reunião para discutir o caso. “Estávamos eu, o Cerveró, o Paulo Roberto
Costa, o Aníbal, o Jader. Eu não tenho certeza se o Renan estava”,
disse, ressaltando que Renan havia participado de uma outra reunião
anterior.
De acordo com Luz, o deputado Aníbal Gomes indicava a
Fernando Baiano as contas que deveriam receber propina e Baiano
repassava a informação ao lobista Júlio Camargo, representante da
Samsung e da Toyo Setal e responsável pela execução dos pagamentos. Como
eram comuns atrasos nos repasses, a relação entre políticos e
operadores sofria “desgastes”, segundo o lobista. A “conta do PMDB”
indicada por Gomes e que receberia o dinheiro sujo, de acordo com Jorge
Luz, se chamava Headliner e era mantida em um banco em Lugano, na Suíça.
“O controle dos 11 milhões eu não tenho porque eu não
participei. Eu participei de toda a estruturação e, quando, em
determinado momento, a relação passou a ficar muito difícil, eu passei a
ser intermediário na recepção das contas que o Aníbal passava e eu
entregava ao Fernando. Isso foi feito. Os 11 milhões e meio vieram”.
Como possuem foro privilegiado no Supremo Tribunal Federal (STF), Renan, Jader e Gomes não podem ser julgados por Sergio Moro.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o senador Jader
Barbalho afirmou que “nunca teve conta na Suíça e que cabe a Jorge Luz
provar ao juiz os depósitos, o número da conta e as datas. Também diz
que conhece Jorge Luz, mas jamais teve algum tipo de negócio. Diz ainda
que isso é declaração de criminoso que deve ser investigada pela
Justiça”. Já Renan Calheiros diz que “conheceu Jorge Luz há mais de 20
anos e desde então nunca mais o encontrou. Diz ainda que não conhece
nenhum dos seus filhos. Há 20 dias, o senador prestou depoimento ao juiz
Sergio Moro como testemunha de Luz e reafirmou que a citação a seu
nome é totalmente infundada”.
(Veja.Abril.com.br)
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